quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Depeche Mode - "Wrong" (official music video)

"Depeche Mode" perform their new song "Wrong" at the Echo Awards in Berlin, Germany




Depeche Mode - "Wrong"
from the album "Sounds Of The Universe"
Released April 20th, 2009 (UK), April 21st, 2009 (USA)

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Concurso da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Porto Alegre

SELECIONADOS: CONCURSO HISTÓRIAS DE TRABALHO 2009

CATEGORIA - HISTÓRIAS INVENTADAS

ELIAS ANTUNES SEM TRABALHO
RAFAEL REGINATO MOURA OS OLHOS DE MIRÓ
RAFAEL REGINATO MOURA DIREITO, ESQUERDO
MARCELO GREJIU CAJUI O MASSACRE DA RUA SETE
JOSÉ CARLOS DOS SANTOS O TRECHEIRO
LÍVIA PETRY JAHN FLORES DA COR DA TERRA
JOSÉ CARLOS DA SILVA PROCURA-SE
WILSON GOMES DE OLIVEIRA JR. 10EMPREGADOS
ISTELA MARIS MAINARDI O CONSTRUTOR DE SONHOS
JOÃO MANUEL DA SILVA ROGACIANO O RAMERRAME
VERA LUCIA BARRIONOVO MÉO OVO FRITO
MARIA DA GLÓRIA JESUS DE OLIVEIRA O ACHADO
SOLENO RODRIGUES DE OLIVEIRA CONFUSÃO NO QUARTEL
GUSTAVO DE AZAMBUJA FEIX TIRAR LEITE DE PEDRA
YAN PATRICK BRANDEMBURG SIQUEIRA SONHO INDUSTRIAL
EDSON XAVYER CASTRO AH SEU DOTÔ!
ALVARO MOREIRA DE CARVALHO PATENTE DE AMOR
CLAIRTO MARTIN O DIA DO ASSASSINO
ANA MARIA SEIBERT ESPÍNDOLA OS HOMENS DE PRETO
JOSÉ ROBERTO REVOREDO CASTRO UM URUBU DAS RUAS
ARTUR LOURO PEREIRA O PRIMEIRO ENCONTRO
ANTÔNIO LUIZ ALMADA PRESTES O TITÉIA
EVELIN LIDIANE DOS SANTOS A VITÓRIA DE BRAU
MARIETA FERREIRA BRANDÃO SER MÃE AINDA CRIANÇA
SIMONE ALVES PEDERSEN O SEGREDO DO CARTEIRO

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Editora Temátika

Vencedores do Concurso Temátika 2009:

1- A tocaia - Henrique Bon

2- A longa e exaustiva estadia de M. entre as ferragens- Marcio Nazianzeno

3- Conto Regressivo- Elias Araujo


4- Miso - Yan Siqueira

5- O Homem fiel mito ou realidade- Edna Rubia Facundo

6- Misantropia Infecciosa- Leo Borges

7-Boas velhas que inovo- Gustavo Siqueira

8- A pedra do olho divino- Carlos Barrros

9- Como Saddan tentou ludibriar São Pedro- Dora Oliveira

10 - O Conto- Maycon C. Batestin

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

5 Generais entram, Luiza sai...

A banda 5 Generais voltou! \o/

Nova música: Estrela da Morte


Ouça os 5 Generais tocando com Kell Kill, vocalista da Banda Luiza Fria, a música Entre as Aves de Rapina da extinta banda Arte no Escuro.



Bem, e a banda Luiza Fria chega ao fim...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um E-mail Sobrenatural - Yan Siqueira

Eis um conto retardado publicado no site do Grupo Scritta que me deu o Quinto Lugar em seu concurso literário. Site: http://www.scrittaonline.com.br/artigos.php?ctd_id=1003

Um E-mail Sobrenatural de Yan Siqueira

Maldita hora em que abri meu e-mail.

Talvez, se tivesse ido dormir depois de um cansativo dia de trabalho, não teria feito. Mas fiz. Não resiste àquela fútil curiosidade de entrar no Orkut, responder recados, fuçar os dos outros, ler as comunidades, postar fotos... Quando vi, perdera a hora. Era tarde e nem meu e-mail havia aberto. Pensei: “Vou só olhar minha caixa de entrada e saio para dormir”. Maldito pensamento esse. Digitei em poucos segundos o endereço da página da web, escrevi minha senha e apertei “entrar”. Deparei-me com um novo e-mail de remetente desconhecido por mim. Intitulava-se Morte e dizia no assunto: “É chegada sua hora: sete horas”.

Como pode? Pensei: “É vírus. Deveria ter ido direto para o lixo eletrônico”. Pensei mais um pouco. Decidi abrir só de curiosidade, mas, claro, certifiquei-me de que o antivírus estava em uso. Sim. Estava. Dei um clique com o mouse, abri o e-mail e li:

“Prezado Abiezer Goulart, em sete horas visitarei sua morada. Roubarei você, tirarei o que há dentro de você, não mais existirás, pois morrerás em sete horas. Eu o matarei em sete horas. Ninguém sobrevive ao meu encontro. Tem sete horas, uma miséria de minutos. Nada mais. Nada menos. Atenciosamente, Senhora Morte”.

De quem poderia ser aquela brincadeira? Pensei. Alguém estava querendo me sacanear. Era óbvio. Deletei o e-mail e fui dormir. Porém, não contaria essa história se ela tivesse terminado assim, de maneira tão simples. Manifestou-se o remetente daquele e-mail em meu sonho. Logo quando me apaguei em pensamentos, senti em meu peito um pesar forte, uma angústia de solidão que há tempos não sentia. Era-me familiar esse sentimento, somente estranho, pois não sentia falta de nada exatamente. Não sei em qual ponto desse delirar caí em sono profundo e em quanto tempo pairei na escuridão da consciência até penetrar mais fundo no poço onírico da mente humana. Mas ouvi uma voz, pensei que viria em meu resgate, não. Não vinha para me salvar. Senti o vento uivando em meu ouvido, ele dizia:

“Como ousa deletar meu e-mail? Fiz de tão bom grado e conciliei-me com essa nova geração do conhecimento. Passam tanto tempo sentados sobre o próprio rabo na tela do computador e, agora, quando a Morte envia-lhe um e-mail com seu parecer de trevas, ignora-me?”

Era uma voz rouca e cansada. Meu coração veio à boca, e ela salivava mentiras:

“Não. Por favor, foi sem querer... Eu não quis ofendê-la...”

“Tem sete horas, Abiezer Goulart. Em sete horas o excluirei deste mundo... Sete... Sete... Sete... Sete... Sete... Sete... Sete...”

Acordei ofegante, quase morri afogado em meu próprio sono. Ela viria, sim, ela viria! Eu não queria morrer... O que fazer? Não. Estava louco? Corri para a tela do computador. Adentrei meu e-mail e lá estava outra mensagem da Morte com o assunto “É chegada sua hora: sete horas”. Abria-a. Li: “Prezado Abiezer Goulart, em sete horas visitarei sua...” Maldição! Era a mesma mensagem.

Pensei em excluí-la. Deveria? O que aconteceria? Seria meu sonho obra do acaso, vínculo e consequência de um ser sem face que me maltratava no escuro? Não pensei mais, excluí aquele e-mail. Fui checar se o outro que acabara de excluir antes de dormir ainda estava para ser totalmente eliminado. Não. Assim como não havia nada na pasta de excluídos, também nada havia na paste de lixo eletrônico.

Céus! Um novo e-mail... O mesmo e-mail! Diabos estão presentes e brincando com minha alma em um purgatório de mentiras! Deletei-o novamente. Nada em lugar nenhum. Surgiu outro... E mais outro e-mail em minha caixa de entrada. Inferno! Estaria meu computador com defeito? Não. Minha internet? Também não.

Demorei a crer no que via e sentia. O mundo, aos poucos, tornava-se opaco e cinza. Tirei meus óculos de grau, sou míope, para limpá-los, mas de nada adiantou. Ainda estava me sentindo envelhecido, os objetos me eram indiferentes, sentia-me vagando por dentro de meu corpo em uma sonolência sem fim. Não mais me identificava como sendo corpo, mas sou dentro do corpo. Sou algo, alguém, talvez uma consciência, ou talvez uma centelha divina que habita dentro de um corpo... Centelha divina? Esses pensamentos não eram meus. Não poderia crer que brotavam de minha mente.

Tinha sete horas para descobrir quem era o farsante travestido de Morte, não queria, por uma razão desconhecida, esperar essa hora chegar. Não sei quanto tempo passei em frente ao computador pensando nessas coisas. Mas amanheceu, não tinha vontade nenhuma de trabalhar, nem de ir aos meus estudos, muito menos de me socializar com os infelizes que me cercam no decorrer do dia. Decidi ficar em casa, afinal, tinha que resolver aquilo... Mas senti fome, então fui ao supermercado. Foi quando aconteceu.

Já disse que minha visão se tornava falha, sim, mas quando saí de casa e fui tocado pelos raios de sol, meus olhos arderam. Minha visão tornou-se turva e evoluiu até alcançar o preto-e-branco. O mundo de cores não mais existia para mim. Senti nojo pelas pessoas, tinha vontade de livrar-me delas.

Cheguei à padaria e pedi uns biscoitos. O estúpido do atendente não me ouviu, eu, sem paciência para lidar com humanos, gritei: “Rapaz, dá para ser ou está difícil?” Nem assim me notou. Bati minha mão com força sobre o balcão, olhando o rapaz no olho. E bati novamente, mais uma vez... Ele nem sequer me viu. Não poderia, eu aos poucos deixava de existir. Olhei para minhas mãos e elas começavam a ficar transparentes. Bati mais uma vez sobre o balcão, mas bati de medo, de pavor, não de raiva. Nada escutei. Tentei tocar o infeliz do atendente e, juro, minha mão o atravessou a cabeça! Ele tremeu como se sentisse frio. Eu realmente me sentia frio, o sangue estancava-se nas partes inferiores de meu corpo. O coração batia em intervalos cada vez menores, mas ainda batia. Foi quando tive um estalo do pensamento! Vou enganá-la, sim, a senhora Morte e seu véu de viúva, vou persuadi-la... Não. Melhor, vou livrar-me dela. Tenho uma ideia em mente e muita coragem fundida ao desespero no peito. De sobra, perdi o resto de minha sanidade.

Voltei para casa, nem abri a porta, a atravessei. Quase não sentia mais meu coração, apenas um peso sobre o peito, como se carregasse um carrasco macabro que, em questão de segundos, aumentava seu próprio peso. Não senti mais medo, ele não mais existia, nada mais existia dentro de mim. Fui em direção ao meu computador, tinha que tocá-lo. Respirei fundo e percebi que o ar não me pertencia.

Concentrei o restígio de existência nas pontas transparentes de meus dedos. Não sei se os tornei rosados como eram, mas consegui tocar o teclado ao ponto de abrir uma página da internet. Restava-me pouco tempo, abri meu e-mail, cerca de duzentas novas notificações haviam chegado. E o número ainda aumentava. Desespero. Sentia a vida partindo de dentro de mim. Abri meu Orkut, sim, ainda tinha tempo, mas era pouco. Abri minhas configurações, li a palavra “geral” seguida de “notificações”, sim, é aqui mesmo. Logo abaixo da palavra “geral” estava escrito: “excluir minha conta do Orkut”. Cliquei! E fiz! Matei-me para o mundo virtual, pronto, bem na sua cara! E antes de você, Senhora Morte! Suicídio virtual! Venci...

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sábado, 1 de agosto de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

27 anos - A idade do mito.

Editado recentemente, o livro "The 27s: The Greatest Myth of Rock And Roll", escrito por Eric Segalstada e Josh Hunter, relata todos os grandes nomes do rock e do blues que morreram aos 27 anos de idade. O livro também deixa no ar a pergunta, "por que aos 27 anos?". Coloco aqui alguns nomes dessa lista sinistra.

BRIAN JONES - guitarrista dos Rolling Stones até 1969, o músico era tão talentoso que se dessem um tijolo na mão dele, o cara conseguia tirar um som. O mais bonitinho dos Stones morreu afogado na piscina de sua casa em julho de 1969.

ALAN WILSON - vocalista da banda de blues californiana Canned Heat, foi encontrado morto, vítima de uma overdose de heroína. O músico sofria de depressão e sua morte foi considerada como suicídio, em setembro de 1970.

JIM MORRISON - O vocalista dos Doors foi encontrado morto na banheira de seu apartamento, em Paris, por sua companheira Pamela Courson, no dia 3 de julho de 1971. Os rumores eram de uma overdose acidental.

JIMI HENDRIX - o maior guitarrista de todos os tempos morreu após ingerir nove comprimidos para dormir, asfixiado pelo vômito, durante o sono, em setembro de 1970. Curiosamente ele trabalhava numa nova letra chamada "The Story Of Life Is Quicker Than The Wink Of An Eye" (A história da vida é tão rápida quanto uma piscada de olho).

JANIS JOPLIN - A maravilhosa voz do blues morreu de uma overdose de heroína, possivelmente combinada com os efeitos do álcool, em Outubro de 1970. Dias antes de sua morte, ela gravou uma fita desejando feliz aniversário ao Beatle John Lennon. O tape chegou à casa de John no dia seguinte da morte da cantora.

KURT COBAIN - Ícone na geração grunge, o líder do Nirvana foi encontrado morto em sua casa, em Seattle, por um eletricista, em abril de 1994.

RON MCKERMAN - também conhecido como PigPen, o músico foi um dos fundadores do Grateful Dead, a mais cultuada das bandas californianas desde a década de 60. Alcoólatra assumido, Pigpen morreu de uma hemorragia gastrointestinal em 1973.

PETE HAM - guitarrista e vocalista da banda Badfinger, grupo britânico do país de Gales, que apareceram no final da década de 60, apadrinhados pelos Beatles. Devido a problemas pessoais e financeiros, o músico se enforcou na garagem de sua casa em abril de 1975.

CHRIS BELL - ao lado do músico Alex Chilton, ele liderou o Big Star, uma cultuada banda norte-americana, do início dos anos setenta. Sua morte veio em consequência de uma depressão por sua homossexualidade reprimida e também pelo uso de heroína. Em 27 de dezembro de 1978, seu carro colidiu contra um poste de iluminação e Chris Bell morreu instantaneamente.

D BOON - vocalista norte-americano e guitarrista do trio punk californiano Minutemen. Sua morte trágica aconteceu em 1985, quando foi acidentalmente jogado para fora da Van em que viajava pelo deserto do Arizona (EUA).

PETE DE FREITAS - baterista do Echo & The Bunnymen, banda da cidade de Liverpool, liderada pelo vocalista Ian McCulloch que teve seu auge na década de 80 . Antes de morrer, Pete tinha entrado com um processo contra o vocalista do Echo & The Bunnymen pedindo uma restituição de 15 mil libras pelas pontas de cigarro que Ian McCulloch atirou nele durante todos os anos que ele esteve na banda. O baterista morreu em 1989 em um acidente de moto viajando de Londres para Liverpool.

ROBERT JOHNSON - o enigmático e histórico bluesman, famoso pelo fato de ter vendido sua alma ao demônio numa encruzilhada, morreu em agosto de 1938. A causa de sua morte foi envenenamento, possivelmente pela mulher com a qual ele convivia.

A lista ainda continua com outros nomes menos famosos, porém, todos com uma história dentro da música pop, mas esse é um daqueles assuntos para se "pensar em casa". Qual é a razão dessa coincidência? Todos aos 27 anos de idade. Será que igual a Robert Johnson, todos não teriam feito algum pacto com o demônio? Cruz credo! Vá de retro Satanás!

Sex, 17 Jul, 02h07
Por Kid Vinil, colunista do Yahoo! Brasil

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Crônica de um Amor Louco - [Filme]



Título Original: Storie di ordinaria follia / Tales of Ordinary Madness
País de Origem: Itália / França
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento: 1981
Direção: Marco Ferreri


Crônica de um amor louco é o primeiro dos dois volumes da obra Ereções, ejaculações e exibicionismos, do escritor Charles Bukowski (1920-1994), lançado no Brasil pela L&PM Editora. Baseado nessa obra, o filme "Crônica De Um Amor Louco" é um dos mais elogiados cult-movies dos anos 80. Inspirando-se na vida e na obra do poeta Charles Bukowski, o cineasta Marco Ferreri (A Comilança) criou um filme ousado repleto de erotismo e lirismo. Charles Serking (Ben Gazarra) é um poeta anárquico e beberrão que vive no submundo de Los Angeles, entre prostitutas e marginais. Numa de suas maratonas pelos bares, conhece a linda prostituta Cass (Ornella Muti), com quem inicia um tórrido e trágico romance.

Download do Filme:

Parte 1
Parte 2

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Charles Bukowski - Born Into This (2003)




Formato: Rmvb
Direção: John Dullaghan
Gênero: Documentário
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 484 Mb
Duração: 114 Minutos

"O filme relata a vida conturbada de Bukowski começando pela sua infância, passando pelas décadas de pobreza e alcoolismo, numerosos subempregos e relacionamentos turbulentos, os 14 anos trabalhando nos correios, e seu reconhecimento internacional como poeta e escritor."

Donwload do filme:
Parte 1
Parte 2
Parte 3

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Charles Bukowski




Charles Bukowski é conhecido pela sua vida errante, bebia em excesso e escrevia alucinadamente. Os produtos destas noites e mais noites de trabalho eram enviados para as mais diversas publicações literárias independentes dos Estados Unidos, mas quase sempre recusados. Repulsa, nojo, ódio, amor, paixão e melancolia. Esses são alguns dos sentimentos que mais inspiraram Charles Bukowski, alemão que passou a vida nos becos dos Estados Unidos, na composição de toda sua obra. Cada poesia, cada romance e cada conto do escritor traz um pouco da vida do "Velho Safado", como ficou conhecido no mundo inteiro.Dono de um talento nato, o poeta usava a simplicidade e a singularidade dos fatos mais rotineiros e transformava o cotidiano em obra de arte. Inconformado e, sempre, com uma garrafa na mão, ele sentava em sua antiga máquina de escrever e, com uma sutileza surpreendente, deixava fluir seus pensamentos sem censura alguma. Bukowski vivia em um mundo atormentado e distorcido, totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade de sua época. O escritor nunca fez questão de esconder que seus trabalhos eram, quase sempre, autobiográficos. E sua falta de discrição era tão grande, que durante toda vida teve de lidar com a quebra de laços de amizade. Ele citava, sem qualquer preocupação, nomes e, quando muito inspirado, fazia duras críticas às pessoas que o cercavam. Algumas vezes os personagens "nada fictícios" ficavam sabendo das peripécias do poeta bêbado após a publicação dos textos.

Link para download de seus livros:
Charles Bukowski

sábado, 11 de julho de 2009

Os Sofrimentos do Jovem Werther - Goethe



A obra Os Sofrimentos do Jovem Werther, do escritor alemão Johan Wolfgang Von Goethe, lançada em 1774, é hoje considerada um clássico da literatura universal. Primeira produção literária do Romantismo, ela é considerada o sinal inicial que indicia o princípio deste movimento cultural. Provavelmente de caráter autobiográfico, este romance caracteriza-se por seu teor epistolar, pois se trata da reprodução de cartas que o Jovem Werther teria escrito ao narrador, no caso, o amigo Wilhelm que é o suposto destinatário das cartas. A obra, narrada na primeira pessoa, com economia de personagens, tem em suas notas de rodapé a indicação de que nomes e locais foram substituídos por dados fictícios, o que contribui para que se acredite na transposição das emoções e sofrimentos do próprio autor para as páginas deste livro, apenas com algumas modificações, principalmente no final. A narrativa de Goethe é tão intensa que, na época, muitos suicídios juvenis ocorreram por todo o continente europeu, levando alguns governantes a tentarem até mesmo censurar a leitura deste livro. Os sofrimentos do Jovem Werther é uma obra avassaladora, uma confissão de um coração apaixonado por um amor não correspondido que somente encontra uma solução para a resolução desse conflito...


Trecho do livro:

Maio, 22

A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda a parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso trabalho visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo.

As crianças - todos os pedagogos eruditos estão de acordo a este respeito - não sabem a razão daquilo que desejam; também os adultos, da mesma forma que as crianças, caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, ignorando, tanto quanto elas, de onde vêm e para onde vão. Não avançam nunca segundo uma orientação segura; deixam-se governar, como as crianças, por meio de biscoitos, pedaços de bolo e ameaças. E, como agem por essa forma, inconscientemente, parece-me, que se acham subordinados à vida dos sentidos.

Concordo com você (porque já sei que você vai contraditar-me) que os mais felizes são precisamente aqueles que vivem, dia a dia, como as crianças, passeando, despindo e vestindo as suas bonecas; aqueles que rondam, respeitosos, em torno da gaveta onde a mãe guardou os bombons, e quando conseguem agarrar, enfim, as gulodices cobiçadas, devoram-nas com sofreguidão e gritam: “Quero mais!” Eis a gente feliz! Também é feliz a gente que, emprestando nomes pomposos às suas mesquinhas ocupações, e até às suas paixões, conseguem fazê-las passar por gigantescos empreendimentos destinados à salvação e prosperidade do gênero humano. Tanto melhor para os que são assim! Mas aquele que humildemente reconhece o resultado final de todas as coisas, vendo de um lado como o burguês facilmente arranja o seu pequeno jardim e dele faz um paraíso, e, de outro, como o miserável, arfando sob seu fardo, segue o seu caminho sem revoltar-se, mas aspirando todos, do mesmo modo, a enxergar ainda por um minuto a luz do sol... sim, quem isso observa à margem permanece tranqüilo. Também este se representa a seu modo um universo que tira de si mesmo, e também é feliz porque é homem. E, assim, quaisquer que sejam os obstáculos que dificultem seus passos, guarda sempre no coração o doce sentimento de que é livre e poderá, quando quiser, sair da sua prisão.



Download do livro "Os Sofrimentos do Jovem Werther"

terça-feira, 7 de julho de 2009

Under the Southern Sun - Brasil



The Chronology of post punk, gothic rock and modern darkwave in Brazil.


Volume 1

1- agentss - cidade industrial (1983)
2- escola de escândalo - luzes (1985)
3- smack - sete nomes (1986)
4- muzak seu coração (1986)
5- ethiopia - minha vida em tuas mãos (1986)
6- o último número - animal sentimental (1986)
7- finis africae - armadilha (1986)
8- cabine c - lágrimas (1986)
9- harry - caos (1986)
10- 5 generais - pássaros negros [ao vivo] (1987)
11- kafka - valsa do medo (1987)
12- arte no escuro - beije me cowboy (1987)
13- violeta de outono - dia eterno (1987)
14- pompas fúnebres - ulaluma (1990)
15- ocaso - somniun (1994)
16- silverblood - valsa da lua (dança para outra gravidade) (1994)

Download - Volume 1

Volume 2

17- lupercais - espectros (1995)
18- back long arch - muteblast (1996)
19- labia minora - corte (1996)
20- der kalte stern - silent garden (1997)
21- chants of maledicta - mournfulness (1997)
22- das projekt der krummen mauern - after dark (1998)
23- stale bread - broken chains (1999)
24- sleepless - the city on fire(2000)
25- modus operandi - acid ent (2000)
26- elegia - the typhoon eye (2000)
27- the tears of blood - never be the same (2000)
28- almas mortas - a videira da morte (2001)
29- luz de velas - necrópole (2001)
30- vesuvia - rosalia (2002)
31- mercyland - só (2002)
32- individual industry - key of dreams (2003)

Download - Volume 2

Volume 3

33- últimos versos - a máscara e o medo (2003)
34- rosa dos ventos - a dança dos invencíveis (2003)
35- projeto reinfield - her shadow (2003)
36- a banda invisível - a musica invisível (2004))
37- zigurate - despertar (2004)
38- vultos – o colecionador de lembranças (2004)
39- scarlet leaves - absinthe tears (2005)
40- the anorexic juliet - valentine´s dance (2005)
41- bels of soul - the ghost of castle (2005)
42- sensivel elite branca - espelhos (2005)
43- x-devotion - love me or hate me(2006)
44- plastique noir - empty streets (2006)
45- days are nights - dançando em meio a guerra (2006)
46- gargula valzer - an angel between the sun and earth (2006)
47- jardim do silencio - solitário (2007)
48- escarlatina obsessiva - winter(2007)

Download - Volume 3

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gothic - (novo link)



"Em 1816, o poeta Percy Sheller, visita seu amigo Lord Byron, também poeta, que vive auto-exilado na Suíça. Shelley leva consigo sua mulher Mary Godwin e a cunhada Claire. Byron incita os visitantes cultos a experimetarem a imaginação, estimulada por histórias de horror, a prática do amor livre e cultos que desafiam as amarras religiosas e os maiores temores de cada um. Gothic é um sedutor e fascinante estudo sobre a criação de dois grandes mitos da cultura popular: o vampiro e o Frankenstein."

Download:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Uívo e o silêncio - Escrito por Paulo Leminski



O Uívo e o silêncio

A poesia "beat" é uma vanguarda?

Se considerarmos o Uivo (Howl) de Ginsberg (1956) como uma espécie de manifesto (manusgrito, obgesto) da poesia "beat", ela é praticamente contemporânea da Poesia Concreta brasileira, cujo Plano Piloto é exatamente de 1958.

No Brasil, em 1956, Décio Pignatari fazia "Terra", Haroldo de Campos dava à luz seu "SI LEN CIO" e Augusto de Campos compunha "Tensão". Nunca os astros de Estados Unidos e Brasil estiveram em tão rigorosa oposição.

Lá, a vanguarda, representada por um Ginsberg, um Ferlinghetti, um Corso, passava-se numa pauta oral. Aqui, a vanguarda concreta representava, sobretudo, uma radicalização da dimensão visual da poesia. A poesia concreta é o "poster", o "out-door", os anúncios luminosos, e, hoje, o vídeo-texto. A poesia "beat" é o recital, o poema feito para ser falado, caudalosas torrentes esperando uma voz. Duas poesias, duas vanguardas: duas mídias distintas. Outras coisas, ainda, distinguem as duas.

A poesia "beat" é indissolúvel de um gesto comportamental, que foi a vida "beatnik", da qual é a legítima expressão lírica. A poesia concreta brasileira resultou de um trabalho intelectual, realizado, com alta ênfase na racionalidade, nas fronteiras entre a arte e a ciência. Uma textosignovisão global. E produziu sua própria teoria, a reflexão sobre si mesma, o aprofundamento do ser-poesia, enquanto signo, enquanto código, enquanto matéria e consciência de linguagem. Já a poesia "beat", pela própria natureza da sua proposta, não poderia produzir teóricos nem ensaístas. E seu alcance e abrangência intelectual é, necessariamente, menor do que a da poesia concreta brasileira, sua contemporânea. A título de paradoxo, daria para constatar que, nesse momento, a poesia norte-americana buscava o que o Brasil, país de analfabetos, tem de sobra, a oralidade. E o Brasil, ao contrário, no setor mais radical da sua poesia, buscava aquilo que a civilização tecnológica norte-americana produzia de mais vivo, na área de comunicação de massas. Estranhas inversões, destinos cruzados.

Com tudo isso, a poesia "beat" produziu, sim, poetas e poemas de primeira qualidade. Ginsberg, Ferlinghetti e Corso são vozes que, enquanto a alma humana tiver ouvidos para "a voz que é grande dentro da gente", não vai faltar amor pra eles.

Por Paulo Leminski, do livro Anseios Crípticos
Editora Criar, 2001

domingo, 28 de junho de 2009

On The Road - Jack Kerouac



Jack Kerouac escreveu sua obra-prima “On The Road” em apenas três semanas. O fôlego narrativo alucinante do escritor impressionou bastante seus editores. Jack usava uma máquina de escrever e uma série de grandes folhas de papel manteiga, que cortou para servirem na máquina e juntou com fita para não ter de trocar de folha a todo momento. Redigia de forma ininterrupta, invariavelmente sem a preocupação de cadenciar o fluxo de palavras com parágrafos. On the Road é um dos principais expoentes da Geração Beat estadunidense, sendo uma grande influencia para a juventude dos anos 60, que colocavam a mochila nas costas e botavam o pé na estrada. Foi lançado nos Estados Unidos da América, pela primeira, vez em 1957. Responsável por uma das maiores revoluções do século XX, On the Road escancarou ao mundo o lado sombrio do sonho americano, a partir da viagem de dois jovens – Sal Paradise e Dean Moriaty – que atravessaram os Estados Unidos de costa a costa.

Episódio de On the Road:

Em julho de 1947, juntando uns 50 dólares do meu velho seguro de veterano, eu estava pronto para ir à Costa Oeste. Meu amigo Remi Boncoeur havia escrito uma carta de São Francisco dizendo que eu deveria vir para embarcar com ele num navio que desse a volta ao mundo. Ele jurava que conseguiria me arranjar um lugar na casa de máquinas. Respondi-lhe dizendo que já estaria satisfeito com qualquer velho cargueiro, contanto que pudesse curtir algumas longas navegadas pelo Pacífico e voltar com grana suficiente para me sustentar na casa de minha tia enquanto terminasse meu livro. Ele falou que possuía uma cabana em Mill City e que lá eu teria todo o tempo do mundo para escrever enquanto a gente aguardasse a encheção de saco burocrática de antes da viagem. Ele estava vivendo com uma garota chamada Lee Ann; disse que ela era uma cozinheira maravilhosa e que tudo iria dar certo. Remi era um velho colega da escola preparatória, um francês criado em Paris e um cara realmente muito louco - nesta época eu não imaginava o quanto! Portanto ele aguardava a minha chegada para dentro de uns dez dias. Minha tia estava inteiramente de acordo com minha viagem para o Oeste; ela achava que isso me faria bem, eu havia .trabalhado duro durante o inverno e ficado demais dentro de casa; ela não reclamou nem mesmo quando eu lhe disse que teria que pegar umas caronas. Tudo o que ela esperava era que eu voltasse inteiro. E assim, certa manhã, deixando meu grosso manuscrito incompleto sobre a escrivaninha e dobrando pela última vez meus confortáveis lençóis caseiros, parti com meu saco de viagem no qual poucas coisas fundamentais haviam sido arrumadas, caindo fora em direção ao Oceano Pacífico com 50 dólares no bolso.

Eu tinha ficado delirando em cima de mapas dos Estados Unidos durante meses, em Paterson, e até lendo livros sobre os pioneiros e esses nomes instigantes como Platte e Cimarron e tudo mais e, no mapa rodoviário, havia uma longa linha vermelha chamada Rota 6, que conduzia da ponta do cabo Cod direto a Ely, Nevada, e daí mergulhava em direção a Los Angeles. Simplesmente vou ficar na 6 o tempo inteiro até Ely, disse a mim mesmo e confidencialmente dei a partida. Para pegar a Rota 6, eu deveria subir até Bear Mountain. Sonhando com as curtições de Chicago, Denver e finalmente de San Fran, peguei o metrô da Sétima Avenida até o fim da linha na rua 242, e lá tomei o tróleibus para Younkers; do centro de Younkers um novo tróleibus me conduziu até os limites da cidade, na margem leste do rio Hudson. Se você jogar uma rosa na misteriosa nascente do rio Hudson, em Adirondacks, imagine todos os lugares pelos quais ela viajará antes de desaparecer no mar para sempre -pense no sublime vale do Hudson! Meu polegar apontava montanha acima.

Cinco caronas esparsas me conduziram à ambicionada ponta de Bear Mountain, onde a Rota 6 penetra em curva depois de deixar a Nova Inglaterra. Começou a chover torrencialmente assim que fui deixado ali. Era uma zona montanhosa. Atravessando o rio, a Rota 6 fazia um enorme retorno e desaparecia na imensidão. Não só não havia nenhum tráfego como também chovia a cântaros e eu não tinha onde me abrigar . Tive que correr para debaixo de alguns pinheiros para me cobrir, o que não chegou a ser uma idéia genial; eu comecei a chorar e a praguejar e a esmurrar minha própria cabeça por ser tão estúpido. Estava a uns 60 quilômetros ao norte de Nova lorque e, durante todo o caminho, preocupado com o fato de, neste meu primeiro grande dia, estar avançando apenas para o norte ao invés de seguir para o Oeste dos meus sonhos. Agora, aqui estava eu encalhado justamente no limite mais setentrional desta viagem obsessiva. Corri uns 500 metros até um posto de gasolina abandonado, construído num elegante estilo inglês, e parei debaixo de um telhado gotejante. Muito acima de minha cabeça a hirsuta e imponente Bear Mountain enviava os trovões que gelavam minha alma. Tudo o que eu podia distinguir eram árvores nebulosas e a sombria vastidão se elevando aos céus. "Que porra estou fazendo aqui em cima?", xinguei, implorando por Chicago. "Justamente agora eles estão todos numa boa, curtindo os maiores baratos, e eu não estou lá, quando é que eu vou chegar lá?" -essas coisas. Milagrosamente um carro parou no posto abandonado; o homem e as duas mulheres que estavam dentro queriam consultar um mapa. Aproximei-me no ato e gesticulei na chuva; eles se questionaram; claro que eu parecia um maníaco, com meu cabelo todo.molhado e os sapatos encharcados. Meus sapatos, que perfeito idiota eu sou, eram umas sandálias mexicanas de corda trançada, absolutamente impróprias para a cruel noite chuvosa da América, para a noite voraz da estrada. Eles me deixaram entrar e me levaram de volta para Newburgh, o que aceitei como uma alternativa melhor do que ficar preso a noite inteira na desolada Bear Mountain. " Além disso", disse o homem, "praticamente não há tráfego pela 6. Se você realmente quer ir para Chicago, seria melhor ir pelo Túnel Holland em Nova lorque, e seguir em direção a Pittsburgh", e eu sabia que ele estava certo. Era meu sonho se azarando, a idéia idiota de que seria simplesmente maravilhoso seguir uma única e grande linha vermelha através da América, ao invés de tentar várias estradas e rotas.

Em Newburgh tinha parado de chover. Caminhei até o rio, e tive que voltar para Nova lorque num ônibus junto com uma delegação de professores primários que retornavam de um fim de semana nas montanhas - lereré, lereré, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá e eu simplesmente puto comigo mesmo, lamentando todo o dinheiro que tinha gasto e louco para pegar o rumo do Oeste, o que, na verdade, tinha tentado fazer durante o dia e a noite inteira, indo para cima e para baixo, para o norte e para o sul, como algo que não consegue dar a partida. Jurei que no dia seguinte estaria em Chicago, e tive certeza absoluta disso, já que decidi pegar um ônibus até lá mesmo que isso significasse gastar quase todo o meu dinheiro, mas não queria nem saber, contanto que estivesse em Chicago amanhã.


de On the road - Pé na estrada
Tradução de Eduardo Bueno e Leonardo Froés
Editora Brasiliense, 1984


Download do livro "On The Road" de Jack Kerouac

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Arthur Rimbaud




Jean Nicolas Arthur Rimbaud (20 de outubro de 1854, Charleville - 10 de novembro de 1891, Marselha) foi um poeta francês. O livro Iluminura, editado pela primeira vez em 1886, é caracterizado pela ordem arbitrária dos textos e como o próprio testamento poético de Rimbaud. Definitivamente, a aplicação dos seus princípios poéticos de "alquimia verbal", de "pensamento cantado", seguindo a idéia de que o poeta é vidente por um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos, e com todos os sentidos que a palavra abriga é apresentado nesse livro.

Última parte de "Uma Estadia no Inferno":

Já é outono! — Mas por que lamentar um eterno sol, se somos levados à descoberta da claridade divina — longe das pessoas que morrem sobre as estações.
O outono. Nosso barco levantado por brumas paradas vira para o porto da miséria, a cidade enorme de céu manchado de fogo e lama. Ah! os trapos podres, o pão encharcado de chuva, a embriaguez, os mil amores que me crucificaram! Será que nunca acabará este vampiro rei de milhões de almas e corpos mortos e que serão julgados! Me revejo com a pele roída pelo lodo e pela peste, vermes nos cabelos e nos sovacos e vermes maiores ainda no coração, deitado entre desconhecidos sem idade, sem sentimento... Poderia ter morrido lá... Horrível lembrança! Detesto a miséria.
E temo o inverno porque é a estação do conforto!
— As vezes vejo no céu praias sem fim cobertas de brancas nações alegres. Um grande navio de ouro, acima de mim, agita suas bandeiras multicolores sob as brisas da manhã. Criei todas as festas, todos os triunfos, todos os dramas. Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novas línguas. Pensei adquirir poderes sobrenaturais. Pois é! Devo enterrar minha imaginação e minhas lembranças! Uma bela glória de artista e contador levada embora!
Eu! eu que me disse mago ou anjo, dispensado de toda moral, sou devolvido ao chão, com um dever a procurar, e a realidade rugosa a abraçar! Camponês!
Estarei enganado? A caridade seria irmã da morte para mim? Enfim, pedirei perdão por ter-me alimentado de mentira. E vamos. Mas nenhuma mão amiga! E onde pedir o socorro?
Sim, a nova hora é pelo menos muito severa.
Pois posso dizer que a vitória me é dada: os rangeres de dentes, os assobios de fogo, os suspiros pestilentos se atenuam. Todas as lembranças imundas se apagam. Meus últimos lamentos fogem — ciúmes pelos mendigos, bandidos, os amigos da morte, os atrasados de toda espécie. — Danados, se eu me vingasse!
É preciso ser absolutamente moderno.
Nada de cânticos: manter o passo que foi ganho. Dura noite! O sangue seco fuma na minha face, e não tenho nada atrás de mim a não ser este horrível arbusto!... A luta espiritual é tão brutal quanto a batalha dos homens; mas a visão da justiça é prazer só de Deus.
No entanto é a vigília. Vamos receber todos os fluxos de vigor e ternura verdadeira. E na aurora, armados de uma ardente paciência, entraremos nas esplêndidas cidades.
Por que falava de mão amiga! Uma bela vantagem é que posso rir dos velhos amores mentirosos, e cobrir de vergonha estes casais da mentira — eu vi o inferno das mulheres lá; — e me será permitido possuir a verdade numa alma e num corpo.

Rimbaud - Abril / agosto 1873.


Download do livro Iluminuras de Rimbaud

terça-feira, 23 de junho de 2009

Machado de Assis - (Resenha)



O Mal-entendido Original

“O problema do desencontro é fundamental na formulação e interpretação do homem machadiano. ‘Mal-entendido original’, ou portador de tal atribuição, ele ganha estatuto centralizador da vida social e individual e se transforma em guia e desgoverno da criatura, para fazer do homem vítima e joguete de sua tessitura.”

J.C. Garbuglio


Os contos “O Homem Célebre”, “Cantiga de Esponsais” e “O Machete”, escritos por Machado de Assis, tratam do desencontro interior do indivíduo que surge como símbolo do “mal-entendido original”, ou seja, dialogam entre si sobre a condição “Ambição versus Vocação”, discorrendo através da narrativa sobre os diferentes fatores sociais e psicológicos que geram na personagem o desencontro de si mesma, mascarando-a com o sucesso para o exterior, representado pela relação da personagem com o ambiente (tempo e espaço) em que é inserida e comprovando pela demonstração de seu interior o desarranjo e desarmonia, gerada pela insatisfação com a arte, que a “criatura” possui, sendo ela, deste modo, vítima da própria criação.
Os músicos Pestana, Romão e Inácio Ramos são representações de um foco narrativo sobre uma mesma questão: a impossibilidade do homem de transcender e ser senhor de sua criação, de aprimorar-se naquilo que deseja ser e não naquilo que aparenta ser, em outras palavras, de tornar o desejo interior em exterior superando as diferenças entre os ideais e a realidade. Porém, tal desejo em nenhuma das personagens se realiza, todas, inevitavelmente, são suplantadas, seja pela incapacidade de expor na arte escolhida aquilo que se sente, seja pela falta de inspiração na escolha das notas musicais ou pelos limites impostos pela própria vocação, o narrador impele-os para um fim trágico; “bem com os homens e mal consigo mesmo.”
A vocação surge como um duplo: sustenta as personagens perante suas necessidades básicas e impede-as de satisfazer suas maiores ambições. Pestana, homem popularmente reconhecido como compositor de polcas, reprime-se pela simplicidade de sua criação. Na casa onde mora, cercado de retratos dos músicos que considera imortais, tenta inutilmente alcançar e tomar para si o dom da imortalidade que somente a música erudita pode proporcionar. Polcas são populares e delas Pestana tira seu sustento, entretanto, o compositor almeja aquilo que a simples popularidade desse estilo musical não pode oferecer: ser mais um rosto nos retratos imortais.
Romão Pires é, como conta o narrador, um “velho” de sessenta anos profundo conhecedor da teoria musical e publicamente conhecido como Mestre Romão que ganha vida ao reger uma missa cantada: “O olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro.” Romão almeja não só expressar na música aquilo que sente, mas também tornar-se um grande compositor. Já idoso, decide terminar o canto esponsalício iniciado quando jovem. Nada. Nenhuma inspiração faz possível finalizá-lo. O desfecho ocorre quando o mestre deparava-se com a nota musical “lá” que tanto procurou saído da boca de uma jovem recém-casada. A música, portanto, é natural, sentimental e criada por acaso pela pura inspiração da felicidade, não bastando apenas os conhecimentos teóricos, mas também o dom que não é alcançado pelo Mestre Romão: a espontaneidade.
Para Inácio Ramos, personagem principal do conto “O Machete”, a rabeca representa seu oficio, seu modo de vida, enquanto para o violoncelo ele guardava suas maiores aspirações. Mesmo assim é outro instrumento com outro gênero musical que prevalece. Barbosa, músico que toca o machete, destaca-se no decorrer da narrativa e, no desfecho, acaba por fugir com a esposa de Inácio que encerra o conto de modo trágico e em uma só linha: “A alma do marido chorava, mas os olhos estavam secos. Uma hora depois enlouqueceu.”
Sendo assim, tais personagens ao mesmo tempo em que são artistas, não produzem especificamente a arte que desejam, o pretendido é distante do que foi alcançado e do que pode ser alcançado, formulando, assim, uma crítica a própria arte ao qual ao mesmo tempo que emociona e satisfaz seus interlocutores, podendo, inclusive, despertar novos sentimentos e gerar a purificação pela Catarse, pode ser trágica para aquele por quem é produzida.

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Yan.

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http://multipapos.blogspot.com/2009/05/ensaios-de-alunos-de-graduacao-com.html

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Primeiras Estórias de João Guimarães Rosa - (Resenha)




A Transcendência da Loucura em Primeiras Estórias

O mito é o nada que é tudo
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.

Fernando Pessoa.

- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles.

O livro de contos intitulado “Primeiras Estórias”, escrito por Guimarães Rosa, foi publicado em 1962. A época é considerada como a Terceira fase do Modernismo brasileiro ao qual possui como expoentes, além de Guimarães, Clarice Lispector na prosa e João Cabral de Melo Neto na poesia. No contexto brasileiro surgia a Bossa Nova, o cinema novo e na política o Plano de Metas era inaugurado, fatos que servem como plano de fundo para o que ficou conhecida como a Geração de 45 na literatura.
O próprio autor cunhou o gênero “estória” como um conto breve. Sendo assim, para o estudo dessa obra vários recortes são possíveis: a relação entre o mítico e o místico, do sagrado e do profano, a violência do conto “Os irmãos Dagobé”, a metáfora da transcendência na “Terceira Margem do Rio” ou a loucura de contos como “Sôroco, sua mãe, sua filha.” Porém, ao decompor alguns desses termos e buscar sua definição percebe-se que certa relação entre alguns é possível. Isso me motivou a buscar não somente um recorte, excluindo outros pontos, mas sim, traçar parâmetros e relacioná-los de modo que se complementem.
A definição, portanto, de alguns dos termos tratados se faz necessário, mas a consciência de que a literatura não se limita a definições também, pois é a polissemia literária, entre outros fatores, que a faz ser presente como um fenômeno propriamente dito.
Primeiramente, mítico refere-se ao mito entendido como as narrativas baseadas em lendas e em tradições criadas para, em sua maioria, explicarem a criação do mundo ou seus fenômenos. Desta forma, o mito é “o nada que é tudo” na medida em que integra a realidade em si tentando manuseá-la e também é nada por ser internalizada no campo da ficção. O próprio conceito de “estória” do título do livro é referente ao campo do ficcional, das “narrativas curtas” que é sua definição.
Místico refere-se ao misticismo, ao sagrado e ao espiritual em que se acredita na experiência direta com uma entidade superior, do encontro do homem com Deus, entendido aqui como algo muito mais abrangente e não, de fato, personificado, e sim, transcendente. No livro “O Mundo de Sofia”, escrito por Jostein Gaarder, encontra-se a seguinte citação referente ao misticismo: “Uma experiência mística significa experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o ‘eu’ que conhecemos não é nosso ‘eu’ verdadeiro e os místicos procuravam conhecer um ‘eu’ maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito cósmico, universo, etc.”
A transcendência significa “ir além” da forma, as experiências místicas são um estado particular de “auto-transcendência.” No campo literário, a catarse pode ser entendida como transcendência por ser a própria revelação de sentimentos, a purificação do ser.
A loucura leva à transcendência. O louco, ou portador de alguma particularidade, possuiu capacidades que o permite diferenciar-se em relação ao que é dito como “normal”. Essa diferenciação pode acarretar a marginalização do sujeito que não aceita seguir as boas normas de conduta. O marginal é aquele que está à margem, é o próprio excluído. Seja a marginalização escolhida, como no conto “A Terceira Margem do Rio”, ou impelida, como no conto “Sôroco, sua mãe, sua filha”, o individuo busca a solidão, voluntário ou não, como metáfora de transcendência. O canto dos excluídos da filha e da mãe de Sôroco é a transcendência dos excluídos, que mesmo ausentes, criam um elo místico com aqueles de seu convício anterior à exclusão. A terceira margem, a própria inexistência, é buscada pelo pai do narrador personagem que, sem motivo aparente, abandona a estrutura familiar e a corrompe, deste modo, não satisfaz os ideais impostos, sua atitude o coloca a margem, na terceira margem, no lago mítico de Guimarães, transformando a personagem na própria criatura mítica na medida em que vive na memória de seus familiares. O pai ainda se faz presente, mesmo durante sua ausência. A presença existe no sentimento de perda e de culpa do filho.
No conto “O Espelho” narra-se uma experiência, um relato, não de forma tradicional. O leitor, chamado de “senhor” no decorrer do conto, é convidado a questionar-se sobre a mentira da aparência humana. A linguagem usada é erudita, o que destoa dos outros contos do livro. O narrador, que parece conversar com o leitor, busca o “que há por trás de mim”, busca seu verdadeiro eu, não encarado como sua imagem no espelho, mas além da forma: “Demais, decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da óptica. Reporto-me ao transcendente.” A busca do verdadeiro eu relaciona-se com a experiência mística, a transcendência, nesse caso, significa perder as máscaras, perder a imagem de seu sósia animal, livrar-se das idéias que os outros lhe atribuem, dos seus interesses e de suas paixões. É preciso sentir-se “nu” para alcançar a essência. Tal discurso pode parecer louco, conforme a sociedade em que é inserida. A loucura é ideologia: considera-se louco aquele fora dos ideais, sendo o papel da ideologia, segundo Karl Marx, mascarar a realidade, somente um louco pode livrar-se da própria penúria e analisar fatos corriqueiros como a própria imagem em um espelho: “Se nunca atentou para isso, é porque vivemos, de modo incorrigível, distraídos das coisas mais importantes. E as máscaras moldadas nos rostos? Valem, grosso modo, para o falquejo das formas, não para explodir da expressão, o dinamismo fisionômico. Não se esqueça, é de fenômenos sutis que estamos tratando.”
Em que espelho ficou perdida a minha face? Difícil resposta. Mas sendo loucos, ou não, a busca do que está além da forma, da transcendência, da experiência mística relaciona-se com o mito que é ficção, que é estória, como as pequenas narrativas de Guimarães Rosa.

Yan.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Arte no Escuro



"A banda Arte no Escuro foi fundada em 1985 e contava com Lui (voz), Pedro Hiena (baixo e letras), Adriano Lívio (bateria) e Paulo Coelho (guitarra). Já em sua primeira apresentação, a banda protagoniza cenas que serviriam de prólogo à sua lenda: ao cantar "Beije-me Callboy", canção sobre o submundo brasiliense com cenas de prostituição e suicídio, o vocalista Lui despeja um recipiente de tinta negra sobre si, num happening até hoje comentado pelos presentes. Musicalmente, a banda já iniciava com uma maturidade invejável, mas os anos seguintes provariam que havia muito ainda a realizar. Poucos meses após a primeira apresentação, o vocalista Lui deixa a banda e dá lugar à jovem Marielle Loyola, então recém-saída da Escola de Escândalo, onde fazia os vocais de suporte. Atualmente, Marielle se dedica à banda Cores D Flores e Pedro vive em Londres, enquanto os demais ex-integrantes parecem ter abandonado a música."

Arte no Escuro (1988)

01 - Beije-me Cowboy
02 - Na Noite
03 - Celebrações
04 - Entre as Aves de Rapina
05 - Vencidos
06 - Boró
07 - No fim
08 - As Rosas


Download - Arte no Escuro

quinta-feira, 11 de junho de 2009

5 Generais



"Com influência de bandas como o The Cure, Siouxsie and the Banshees e Cocteau Twins o 5 Generais foi considerada uma das primeiras bandas góticas do cenário brasileiro. Surgida em Brasília em meados da década de 80, o quarteto 5 Generais destacou-se pelo som nostálgico, a simplicidade e a sinceridade de suas músicas. Brasília foi um dos maiores e mais peculiares focos de produção nacional em plena ditadura: urbanas, noturnas, introspectivas, permeadas numa solidão altiva e da mais visceral insubmissão juvenil, essas canções repletas de 'rancores guardados ao Deus e ao Rei' são verdadeiros retratos daquela geração. Mas se você nunca ouviu sozinho em seu quarto escuro João Vicente cantando 'Outro Trago', não tem idéia do que seja isso..."

01 - Outro Trago
02 - Pássaros Negros
03 - Por um momento
04 - Ronda
05 - Ratos De Brasília
06 - Nas Linhas
07 - Ouça-Me
08 - Falsos Sorrisos
09 - Marianna
10 - Levante da Cadeira
11 - Sábado


Download - 5 Generais

quarta-feira, 10 de junho de 2009

William Blake



"William Blake nasceu em Londres no ano de 1757, desde muito dizia ter visões. A primeira delas ocorreu quando ele tinha cerca de nove anos, ao declarar ter visto anjos pendurando lantejoulas nos galhos de uma árvore. William Blake viveu uma época de intensa mudanças sociais: A Revolução Americana, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial aconteceram durante sua vida. Foi o primeiro dos grandes poetas românticos ingleses, como também pintor, impressor, e um dos maiores gravadores da história inglesa. Ilustrou livros como "O livro de Jó" da Bíblia e "A Divina Comédia" de Dante Alighieri - trabalho interrompido pela sua morte - Blake criou sua própria mitologia para descrever o que encontrou em sua alma. Aos 67 anos começou os desenhos para o "Inferno" da Divina Comédia de Dante, e foi tão dedicado que aprendeu o italiano para aprofundar melhor no universo desse autor; trabalhando nestes desenhos até os últimos dias de sua vida... A alusão que Aldous Huxley faz ao poeta William Blake nos títulos de seus dois ensaios sobre as drogas alucinógenas é clara: As Portas da Percepção (1954) e Céu e Inferno (1956), baseado nisso, Jim Morrison, na década de 60, criaria a banda 'The Doors' cujo nome fora inspirada na leitura de 'As portas da Percepção' de Huxley."

"If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite."
"Se as portas da percepção estivessem limpas tudo apareceria para o homem tal como é: infinito."
Citação de Willam Blake

Provérbios do Inferno
William Blake

No tempo da semeadura, aprende; na colheita, ensina; no inverno, desfruta.
Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.
A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria.
A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência.
Quem deseja, mas não age, gera a pestilência.
O verme partido perdoa ao arado.
Mergulha no rio quem gosta de água.
O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.
Aquele, cujo rosto não se ilumina, jamais há de ser uma estrela.
A Eternidade anda apaixonada pelas produções do tempo.
A abelha atarefada não tem tempo para tristezas.
As horas de loucura são medidas pelo relógio; mas nenhum relógio mede as de sabedoria.
Os alimentos sadios não são apanhados com armadilhas ou redes.
Torna do número, do peso e da medida em ano de escassez.
Nenhum pássaro se eleva muito, se eleva com as próprias asas.
Um cadáver não vinga as injúrias.
O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.
Se o louco persistisse em sua loucura, acabaria se tornando Sábio.
A loucura é o manto da velhacaria.
O manto do orgulho é a vergonha.
As Prisões se constroem com as pedras da Lei, os Bordéis, com os tijolos da Religião.
O orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria do bode é a glória de Deus. A fúria do leão é a sabedoria de Deus. A nudez da mulher é a obra de Deus.
O excesso de tristeza ri; o excesso de alegria chora.
A raposa condena a armadilha, não a si própria.
Os júbilos fecundam. As tristezas geram.
Que o homem use a pele do leão; a mulher a lã da ovelha.
O pássaro, um ninho; a aranha, uma teia; o homem, a amizade.
O sorridente tolo egoísta e melancólico tolo carrancudo serão ambos julgados sábios para que ejam flagelos.
O que hoje se prova, outrora era apenas imaginado.
A ratazana, o camundongo, a raposa, o coelho olham as raízes; o leão, o tigre, o cavalo, o elefante olham os frutos.
A cisterna contém; a fonte derrama.
Um só pensamento preenche a imensidão.
Dizei sempre o que pensa, e o homem torpe te evitará.
Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade. A águia nunca perdeu tanto o seu tempo como quando resolveu aprender com a gralha.
A raposa provê para si, mas Deus provê para o leão.
De manhã, pensa; ao meio-dia, age; no entardecer, come; de noite, dorme.
Quem permitiu que dele te aproveitasses, esse te conhece.
Assim como o arado vai atrás de palavras, assim Deus recompensa orações.
Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução.
Da água estagnada espera veneno.
Nunca se sabe o que é suficiente até que se saiba o que é mais que suficiente.
Ouve a reprovação do tolo! É um elogio soberano!
Os olhos, de fogo; as narinas, de ar; a boca, de água; a barba, de terra.
O fraco na coragem é forte na esperteza.
A macieira jamais pergunta à faia como crescer; nem o leão, ao cavalo, como apanhar sua presa. Ao receber, o solo grato produz abundante colheita.
Se os outros não fossem tolos, nós teríamos que ser.
A essência do doce prazer jamais pode ser maculada.
Ao veres uma Águia, vês uma parcela da Genialidade. Levanta a cabeça!
Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para deitar seus ovos, assim o sacerdote lança sua maldição sobre as alegrias mais belas.
Criar uma florzinha é o labor de séculos.
A maldição aperta. A benção afrouxa.
O melhor vinho é o mais velho; a melhor água, a mais nova.
Orações não aram! Louvores não colhem! Júbilos não riem! Tristezas não choram!
A cabeça, o Sublime; o coração, o Sentimento; os genitais, a Beleza; as mãos e os pés, a Proporção.
Como o ar para o pássaro ou o mar para o peixe, assim é o desprezo para o desprezível.
A gralha gostaria que tudo fosse preto; a coruja, que tudo fosse branco.
A Exuberância é a Beleza.
Se o leão fosse aconselhado pela raposa, seria ardiloso.
O Progresso constrói estradas retas; mas as estradas tortuosas, sem o Progresso, são estradas da Genialidade.
Melhor matar uma criança no berço do que acalentar desejos insatisfeitos.
Onde o homem não está a natureza é estéril.
A verdade nunca pode ser dita de modo a ser compreendida sem ser acreditada.
É suficiente! Ou Basta.

domingo, 7 de junho de 2009

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos



O vídeo é uma performance de dança-teatro baseada no "Poema Negro" de Augusto dos Anjos.

"Famoso pela originalidade temática e vocabular, Augusto dos Anjos recorreu a uma infinidade de termos científicos, biológicos e médicos ao escrever seus versos nos quais expressa, por princípio, um forte pessimismo em relação a natureza e a condição humana. Seu único livro, Eu, foi publicado pela primeira vez em 1912."

Download do Livro "Eu"

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Chappaqua




Direção: Conrad Rooks
Duração: 82 minutos
País: Estados Unidos/França
Ano: 1966

"Meu nome é Russel Harwick. Começo este diário como um registro de minhas experiências enquanto sofria de alcoolismo. Comecei a beber de forma moderada aos 14 anos nas férias com os amigos. Aos 15 sofria de delirium tremens (ataques do alcoolismo). Aos 19, descobri que maconha, haxixe, cocaína ou heroína afastavam-me do álcool por um período. Meu padrão se tornou um aterrorizante labirinto de álcool e de drogas. Finalmente fui introduzido aos alucinógenos: peyote, psilocibina e LSD 25."

Esse é o cartão de visita de Chappaqua. O filme tem participações dos escritores William Burroughs, Allen Ginsberg e Moondog, do músico Ornette Coleman e do guru Swami Satchidananda, dentre outras.

Torrent
Legenda

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Det Sjunde Inseglet (The Seventh Seal)



[O Sétimo Selo]

Duração: 96 min
País de Origem: Suécia
Ano: 1957
Duração: 96min
Diretor: Ingmar Bergman.
Elenco: Max von Sydow, Gunnar Bornstrand, Bengt Ekerot e Bibi Andersson.

"Um Cavaleiro volta para sua terra natal após as Cruzadas ao mesmo tempo em que a Peste Negra está varrendo o país. Quando se aproxima de casa, a Morte aparece e diz que chegou sua hora. O Cavaleiro, então, desafia a Morte para uma partida de xadrez cujo prêmio final será a própria vida. Durante o jogo, o homem também busca respostas sobre a vida, a morte e existência de Deus."


Torrent
Legenda

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Das Kabinett des Doktor Caligari



[O Gabinete do Dr. Caligari]

Origem: Alemanha
Ano: 1919
Direção: Robert Wiene
Elenco: Werner Kraus (Dr. Caligari), Conrad Veidt, Friedrich Feher, Lil Dagover, Hans H.Twardowski, Rudolf Lettinger e Rudolf Klein-Rogge.

"Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari, chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidt) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. O Gabinete do Doutor Caligari foi uma das primeiras obras do Expressionismo Alemão, que privilegiva os estranhos efeitos de luz e sombra na composicão de climas psicológicos, alem de usar cenários e ângulos de câmera distorcidos. Os cenários, criados em pedaços de madeira e pano pelos pintores expressionistas Walter Reimann e Walter Rohrig e pelo cenógrafo Hermann Warm, ainda existem e fazem parte do acervo do Museu do Cinema Henri Langlois, em Paris. Fritz Lang, que se tornaria um célebre diretor alemão dos anos 20, colaborou no roteiro.

Nosferatu



Cor: Preto e Branco
Duração: 72 minutos
Direção: F. W. Murnau
Roteiro: Henrik Galeen, baseado no romance "Drácula" (não-creditado)
Elenco: Max Schreck (Conde Orlok), Alexander Granach, Greta Schroder-Matray, Gustav von Waggenheim, G. H. Schnell e Ruth Landshoff.

"Nosferatu é um filme clássico do expressionismo alemão, baseado no livro Drácula de Bram Stoker, escrito em 1897, foi a primeira versão da clássica história do Conde Drácula nos cinemas. Produzido em 1922, suas imagens de horror ainda conseguem nos surpreender. Nosferatu é o Conde Orlok: alto, esguio, esquálido, com orelhas, nariz e dentes pontiagudos que decide se mudar para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região."

domingo, 24 de maio de 2009

The Hunger




[Fome de Viver]

País de Origem: Inglaterra
Tempo de Duração: 98 minutos
Ano de Lançamento: 1983
Direção: Tony Scott
Elenco: Catherine Deneuve, Susan Sarandon, David Bowie e Dan Hedaya

"Baseado num livro de Whitley Strieber ("Communion"), Fome de Viver é uma história de vampiros tendo como fundo um teor filosófico como o significado da vida e a aproximação da imortalidade e a solidão. Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) é vampira há séculos e agora está em Manhattan. Vive com o elegante John (David Bowie) seu companheiro imortal e refinado. Ambos possuem o segredo da vida eterna e alimentam-se de sangue humano, e no amor como na vida, estão eternamente unidos. Quando John, um híbrido de humano e vampiro, começa a sentir os efeitos da deterioração de seu corpo, recorre a uma especialista em geriatria (Susan Sarandon) em busca de ajuda."

Bauhaus tocando "Bela Lugosi's Dead",
precisa dizer mais?

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domingo, 17 de maio de 2009

Gothic




País de Origem: Inglaterra
Tempo de Duração: 87 minutos
Ano de Lançamento: 1986
Direção: Ken Russell

"Em 1816, o poeta Percy Sheller, visita seu amigo Lord Byron, também poeta, que vive auto-exilado na Suíça. Shelley leva consigo sua mulher Mary Godwin e a cunhada Claire. Byron incita os visitantes cultos a experimetarem a imaginação, estimulada por histórias de horror, a prática do amor livre e cultos que desafiam as amarras religiosas e os maiores temores de cada um. Gothic é um sedutor e fascinante estudo sobre a criação de dois grandes mitos da cultura popular: o vampiro e o Frankenstein."

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sábado, 16 de maio de 2009

Joy Division - Documentário




De Grant Gee. Com Ian Curtis, Peter Hook, Stephen Morris, Peter Saville, Bernard Sumner e Tony Wilson. Inglaterra / EUA, 2006. Documentário, 94 min.

"Grant Gee (diretor) e Jon Savage (roteirista) mergulharam de cabeça no mundo da banda Joy Division, como se fossem acometidos pela obsessão imediata causada por eles. Enquanto Control dá ênfase a "Touching From a Distance" de Deborah Curtis, esposa de Ian, o documentário mostra a pensativa e sensível belga Annik Honoré, amante de Ian. Com entrevistas tipo um a um, emocionantes, o documentário mostra como o grupo se reinventou como New Order, após a perda de Ian, e enxerga detalhes que a maioria dos documentários não vê."


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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Trainspotting




Diretor: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor, Robert Carlyle, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Kelly Mcdonald, Peter Mullan e James Cosmo.
Duração: 90 min
Ano: 1996

"O filme baseia-se no livro famoso de Irvine Welsh sobre um grupo de escoceses viciados em drogas. Renton, Spud, Sick Boy, Tommy e Begbie: são os cinco moradores de um bairro de classe média da cidade de Edimburgo, mergulhados nas drogas para fugir do cotidiano medíocre. O protagonista é Renton (Ewan McGregor), que tenta se livrar da heroína, mas acaba voltando às drogas por causa dos companheiros. Sem moralismo e falsas mensagens, o filme acompanha a rotina alucinante dos jovens e traça um retrato da geração desesperançada dos anos 90."

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Manutenção :)